terça-feira, 29 de novembro de 2011

A construção da Felicidade



Não há no mundo quem não deseje uma vida de felicidades. Sonhamos e desejamos que nossos dias sejam de alegrias intensas e plenas.
Anelamos que o sorriso nos venha fácil, que os dias nos sejam leves e que seja de venturas o nosso caminhar.
É natural que assim seja. Somos seres fadados à felicidade e esse é o sentimento que encontra na alma os mais profundos significados.
Porém, na ânsia da felicidade, imaginamos que temos que buscá-la em algum ponto, que a encontraremos em algum momento, que a atingiremos em um dia determinado.
Lembramos o soneto do poeta Vicente de Carvalho que afirma que a felicidade é uma árvore de dourados pomos, porém que não a alcançamos, porque sempre está onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos.
Ao imaginar a felicidade como uma meta a alcançar nos esquecemos que, na verdade, a felicidade é caminho a se traçar, é trilha a se percorrer, é história a se construir.
Quando imaginamos que a felicidade chegará um dia, perdemo-nos nos dias e não enxergamos a felicidade que nos chega.
Ou não será felicidade poder deparar-se com um pôr-de-sol tingindo de vermelho um céu que há pouco era de um azul profundo? Há tantos que desejariam ver um pôr-de-sol...
Quanta felicidade pode haver em escutar as primeiras palavras de um filho, uma declaração de amor de quem queremos bem, ou ainda, o assovio do vento chacoalhando suave as folhas da árvore? Há tantos que nada escutam, nem ouvem ou percebem...
Como somos felizes por poder pensar, criar, sonhar e, num piscar de olhos, viajar no mundo e no espaço, conduzidos pela imaginação, guiados pela mente! São tantos que permanecem carcereiros de si mesmos em suas distonias mentais, nos desequilíbrios emocionais...
Preocupamo-nos tanto em buscar a felicidade, que nos esquecemos que já temos motivos de sobra para sermos felizes.
E, efetivamente, não nos damos conta que a felicidade não está em chegar, mas que ela mora no próprio caminhar.
Ser feliz é ter o olhar de gratidão perante a vida, de entendimento do seu propósito, da percepção de que ela se mostra sempre generosa a cada um de nós.
Ser feliz não é negar que na vida também haverá embates, lutas e desafios cotidianos. Afinal, esses são componentes de nosso viver e, naturalmente, podem trazer dificuldades e dissabores.
Porém, ser feliz é também perceber que os embates produzem amadurecimento, que as lutas nos fazem mais fortes e nos oferecem aprendizado.
Assim, de forma alguma vale a pena ficarmos esperando o dia em que nossa felicidade se completará.
Ser feliz é compromisso para hoje, que se inicia pelo olhar para as coisas do mundo, passa pelo coração em forma de reconhecimento pelos presentes que nos chegam, completa-se em gratidão, oferecendo à vida o que ela nos dá em abundância.

Redação do Momento Espírita.
Em 25.11.2011.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

 

Nesses instantes, lembro-me de uma história ouvida há algum tempo atrás.

“Era uma vez um povoado localizado em região deserta, ausente de chuva por longos períodos.
Constituído por uma população sofrida pelo calor excessivo e pela falta de água o povo ansiava por uma esperança de uma vida melhor.
Passado um tempo, um grande padre chegou ao vilarejo e vendo aquele povo sofrido e triste, quis saber o que estava acontecendo e logo procurou se informar. Chegando a sombra de uma árvore, onde se encontrava certo número de trabalhadores descansando, lhes perguntou:
- Meus amigos, o que se passa nesse vilarejo onde todos se encontram cabisbaixos?
E desanimados, lhes responderam:
- Padre, o nosso problema por aqui é a falta de água, não chove há vários dias. Nossos filhos não têm água pra beber, não sabemos mais o que fazer!
Calmo e tranqüilo o padre lhes falou:
- Pois bem, avisem a todos os habitantes desse povoado para estarem reunidos na praça central logo pela manhã, eu rezarei a Deus para que ele faça chover e ele me escutará.
Animados com a promessa do padre, os trabalhadores correram avisando todo o povo que o problema da falta da chuva seria resolvido pela oração do padre.
Passada a noite e raiando o Sol, toda população se encontrava na praça ansiosa pela chuva que o padre havia prometido.
O padre vendo toda aquela gente, calmamente lhes falou:
- Ora, ora. Vejo que todos vieram até aqui hoje, mas peço, educadamente, que voltem para suas casas, pois ninguém trouxe guarda-chuva.”

Claro que a história é uma simbologia, talvez uma analogia. De qualquer forma não deixa de ser um convite de reflexão em relação a nossa Fé.

Quem é o mais forte?



Era uma vila simples, perdida entre as montanhas. Ali não havia muitas distrações.
A vida seguia seu ritmo entre estudo, trabalho, as questões domésticas, educação dos filhos. Vidas simples, onde grande parte da população vivia do trato da Terra.
Talvez por isso, vez ou outra, os rapazes inventavam algumas brincadeiras para quebrar o que eles consideravam a monotonia.
Certa feita, decidiram eleger, entre os jovens, o mais forte.
Logo se inscreveram três rapazes altos, musculosos. Acostumados ao trabalho duro, tinham os músculos forjados diariamente.
O povo se reuniu para assistir à disputa. O primeiro jovem se apresentou, foi até uma árvore e utilizando sua força, a derrubou.
A exclamação foi geral. Como era forte aquele rapaz!
O segundo, contudo, mostrou-se confiante e, sem parecer despender maior esforço do que o primeiro, derrubou duas árvores.
O povo vibrou. Esse era mais forte!
Mas, o terceiro, sem se deixar abalar pelo que haviam realizado os dois primeiros, preparou-se e logo havia derrubado três árvores.
Ovação geral. Gritos de exclamação. Torcida para um e para outro.
Então, o juiz escolhido para aquela disputa, um homem cujos anos lhe haviam conferido sabedoria, pediu silêncio.
Dirigiu-se até uma árvore ainda em pé e quebrou um pequeno ramo. Depois, postou-se bem no meio da praça e disse:
Aquele que tomar deste ramo que tenho nas mãos e o conseguir colocar exatamente de volta ao seu local, de forma que ele continue a receber a seiva e floresça e frutifique, esse será o mais forte.
E, ante o espanto geral, continuou: Destruir é muito fácil. Pode-se derrubar, em minutos, o que outros construíram, ao cabo de muita perseverança e labor ou o que a natureza levou anos para formar.
Isso não significa ser forte. Forte mesmo é aquele que constrói onde esteja. Porque construir exige esforço, elaboração, dedicação.
A semente para se tornar árvore deve vencer a cova escura onde é colocada, projetando-se para fora, ao mesmo tempo que necessita alongar as raízes, a fim de ter base firme.
Após, necessita enfrentar os ventos, a chuva, o granizo, as alternâncias de temperatura, o sol causticante para espreguiçar-se e crescer, vestir-se de folhas e frutos.
É um longo tempo. Mas, como viram, para destruir, bastou a força concentrada por alguns minutos.
Quando o sábio concluiu a fala, um por um os habitantes da localidade foram se retirando, cada qual reflexionando sobre a lição recebida.
*   *   *
Existem, no mundo, obras beneméritas, erguidas e sustentadas por devotadas criaturas, anônimas e perseverantes.
Um grande número de homens e mulheres se entrega a fazer o bem, todos os dias.
São construtores da era nova, do mundo do Terceiro Milênio.
E nós, já nos decidimos a engrossar as fileiras dos construtores ou ainda nos detemos somente na crítica, que nada edifica e muito atrapalha?
Pensemos nisso e nos decidamos.

Redação do Momento Espírita, com base em conto narrado por Haroldo Dutra Dias.
Em 08.11.2011.