terça-feira, 22 de março de 2011

A moeda e o escorpião: uma história sobre o Karma.


Dois jovens amigos empreendem uma jornada, andando de uma vila para outra. No caminho, passam à frente de um templo de Gaeśa. Um deles pára para fazer suas preces. O outro, descrente, segue andando, mais devagar.
O jovem que ficou no templo o alcança um pouco mais adiante no caminho. Nessa hora, o outro encontra uma moeda de ouro. O devoto de Gaeśa é mordido, segundos depois, por um escorpião.
O descrente zomba dele dizendo: "Eu encontrei uma moeda de ouro pois segui meu caminho. Você, que parou para rezar, foi mordido pelo escorpião. Se não tivesse entrado naquele templo, não teria sido picado".
Um pouco mais adiante no caminho, páram para receber tratamento na ermida de um sādhu. Esse sādhu não apenas trata do ferimento do garoto, mas também, sendo um jyotisha, um astrólogo, faz o horóscopo de ambos, pois o devoto lhe explica que, mais do que a picada do escorpião, o que o deixou ferido foi o comentário do seu amigo.
Feitos os cálculos astrológicos, o sādhu diz para aquele que achou a moeda: "Você comprou um bilhete de loteria semana passada, não foi?" O outro responde afirmativamente. "Então, por conta das suas ações demeritórias, ao invés de ganhar o prêmio, tudo o que você recebeu foi uma moeda".
E, dirigindo-se ao outro garoto: "Era para você ter tido um acidente mortal, mas as suas orações no templo atenuarem esse karma e tudo o que você ganhou foi uma mordida dolorosa, mas inócua". Misteriosos são os caminhos do karma.

Swami Dayananda Saraswati

quinta-feira, 17 de março de 2011

Confia Sempre

Não percas a tua fé entre as sombras do mundo.
Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo.
Crê e trabalha.
Esforça-te no bem e espera com paciência.
Tudo passa e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá.
De todos os infelizes os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmo, porque o maior infortúnio é sofrer a privação da fé e prosseguir vivendo.
Eleva, pois, o teu olhar e caminha.
Luta e serve. Aprende e adianta-te.
Brilha a alvorada além da noite.
Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte...
Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.

Meimei

* Mensagem psicografada por Chico Xavier, pelo espírito Meimei

domingo, 13 de março de 2011

"Pela prática de ioga, torna-se a mente unipolarizada e calma, ao passo que a mente pluripolarizada se ramifica em pensamentos dispersivos sem fim."

Trecho extraído do Bhagavad Gita

Assim como a água dentro de um recipiente. Quando agitada se torna turva, impossível de se enxergar um reflexo nítido, impossível de se enxergar o que realmente está por detrás dela. Assim também com a nossa mente deturpada de tantos pensamentos, não conseguimos enxergar com clareza o que está dentro de nós.

sábado, 5 de março de 2011

A CARTA DO ÍNDIO


“O que ocorrer com a terra,
     recairá sobre os filhos da terra.
     Há uma ligação em tudo.”

Em 1854 o chefe índio Seattle enviou uma carta ao Presidente dos Estados Unidos em resposta a sua proposta para comprar as terras onde a tribo morava. A visão ecológica (a palavra ecologia nem existia na época) dele é surpreendente.
Leia a carta na íntegra:

"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa
idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho
da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos húmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.



Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.

Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida e o início da sobrevivência"

quinta-feira, 3 de março de 2011

Francisco de Assis

Dando continuidade ao livro Francisco de Assis me deparei com uma pequena passagem do mesmo, que achei interessante compartilhar com vocês.

  "Mamãe, ontem à noite comecei a ter piedade profunda de todos os seres que sofrem, do inseto ao homem... É como se não fosse somente eu, mas algo que existe em mim que me leva a pensar e a sentir dessa maneira. O que fazer, senão seguir o que explode dentro do meu peito, como sendo o próprio Deus querendo sair, e ajudar os outros, amando sem exigir e abençoando sem distinção? Devo mostrar às criaturas que a fé é um patrimônio comum a todos, que Deus existe, que o céu é uma realidade e que somos eternos na eternidade do Pai Celestial.
  Estou encontrando uma facilidade para falar o que eu mesmo ainda não sei explicar, mas que vós podereis sentir, porque sois as pessoas que mais me conheceis, e sabeis que eu não sei o que estou falando. No entanto, falo com desembaraço e com certeza no que digo." 

Isso em meados do século XII d.c.

Abraço a todos. Muita Paz! =)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Se... (José Hermógenes)

Se, ao final desta existência,
alguma ansiedade me restar
e conseguir me perturbar;
se eu me debater aflito
no conflito, na discórdia...
Se ainda ocultar verdades
para ocultar-me,
para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...
Se restar abatimento e revolta
pelo que não consegui
possuir, fazer, dizer e mesmo ser...
Se eu retiver um pouco mais
do pouco que é necessário
e persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,
algum ferimento
impedir-me do imenso alívio
que é o irrestritamente perdoar,
e, mais ainda,
se ainda não souber sinceramente orar
por quem me agrediu e injustiçou...
Se continuar a mediocremente
denunciar o cisco no olho do outro
sem conseguir vencer a treva e a trave
em meu próprio...
Se seguir protestando
reclamando, contestando,
exigindo que o mundo mude
sem qualquer esforço para mudar eu...
Se, indigente da incondicional alegria interior,
em queixas, ais, e lamúrias,
persistir a buscar consolo, conforto, simpatia
para a minha ainda imperiosa angústia...
Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...
Se insistir ainda que o mundo silencie
para que possa embeber-me de silêncio,
sem saber realizá-lo em mim...
Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
grosseiros e frágeis
que o mundo empresta,
e eu neles ainda acredito...  
  
Se, imprudente e cegamente,
continuar desejando
adquirir,
multiplicar
e reter
valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
na ânsia de ser feliz...
Se, ainda presa do grande embuste,
insistir e persistir iludido
com a importância que me dou...
Se, ao fim de meus dias,
continuar
sem escutar, sem entender, sem atender,
sem realizar o Cristo, que,
dentro de mim,
Eu sou,
terei me perdido na multidão abortada
dos perdulários dos divinos talentos,
os talentos que a Vida
a todos confia,
e serei um fraco a mais,
um traidor da própria vida,
da Vida que investe em mim,
que de mim espera
e que se vê frustrada
diante de meu fim.
Se tudo isto acontecer
terei parasitado a vida
e inutilmente ocupado
o tempo
e o espaço
de Deus.
terei meramente sido vencido
pelo fim,
sem ter atingido a Meta.
"...Na Bhagavad Gita, Krishna diz: ' Aquilo que tiver que ser, será'. Isto significa que não adianta resistir àquilo que nos acontece diferente do que gostaríamos. Aconteceu porque sim. Ao invés de procurar razões, dizer sim à vida! Sim, sim, sim.
Receber de braços abertos como a montanha recebe a chuva, o vento, as devastações e não deixa de ser montanha. Permanece firme, cumprindo a sua missão de montanha. Nietzche diz: 'Aquilo que não me mata imediatamente, me fortalece.'
Receber a dor como ensinamento, como presente, oportunidade de crescimento e não lutar contra ela. Encarando a dor, eu a recebo e me fortaleço! Quando perdemos alguém que amamos, devemos aceitar, mesmo sentindo uma dor que parece que não passará nunca...
Aceitar com amor! Porque sagrada foi a vida e sagrada é a partida. Quem garante que lá, onde ficam os espíritos, não é muito mais bonito do que aqui? O que ficou por dizer, o que não fizemos foi o que poderíamos ter feito naquele momento. Um dia, nos reencontraremos  com quem partiu sem se despedir.
Somos seres espirituais vivendo brevemente como humanos! Voltar a a ser espírito deve ser como voltar para casa..."

Fonte: www.yoga.pro.br/artigos/781/2/da-entrega

terça-feira, 1 de março de 2011

Bhagavad Gita



"Eu sou a essência espiritual que habita nas profundezas da alma e no íntimo de cada criatura, o princípio, o meio e o fim de todas as coisas; A sua origem, a sua existência, o seu termo final."

"Sou a luz de todas as luzes, o conhecido, o conhecedor e o próprio conhecimento."

                                                                          Krishna